sábado, 3 de agosto de 2019

Só a chuva...

Só a chuva...
Nada mais que a chuva,
Somente a chuva.
Não!
Esqueci do frio, 
Da chuva fria
Que cai, que pinga, que vai...
Alma fria,
Chuva fria
Dia que finda
Numa noite fria...

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Batendo a Porta.



Ele saiu batendo a porta. Ela, imóvel, ficou olhando pela janela do apartamento. Viu quando ele tomou um táxi .. Para onde ia? Provavelmente voltaria para a casa dos pais, daria um tempo antes de arranjar outro lugar para curtir sua repentina solteirice.
Os dois viviam às turras ultimamente. Ele foi e voltou várias vezes. Agora era definitivo. O fim previsível. Um ciclo que se encerrava. Como chegaram a esse ponto? Não saberia mais dizer... O começo foi tão promissor, pareciam feitos um para o outro. Os mesmos gostos, a mesma profissão: corretor de imóveis. Amigos comuns... Talvez a monotonia tivesse alguma coisa a ver com esse final. Concordância de mais às vezes cansa...
Mulher bonita. Um corpo de entortar pescoços, morena clara, olhos quase verdes. Boca carnuda, modos finos... Ele a notou imediatamente numa feira de imóveis lá para os lados da Barra da Tijuca. Ela também reparou nele. Homem bem vestido. Com olhos de peixe morto que não paravam de segui-la no meio da confusão de pessoas em busca da casa própria. Um mês depois estavam morando juntos no apartamento dela, herança de família.
A primeira briga foi banal. Ele queria sair, encontrar amigos. Beber um pouco. Ela estava cansada, foi um dia duro de trabalho. Vários clientes, muitos imóveis para mostrar. Melhor ficar em casa, curtir um filme na TV a cabo e dormir abraçados. Amanhã seria outro dia... Ele não gostou, fez manha, discutiu e brigaram. Na semana seguinte, outra briga cujo motivo se perdeu na insignificância... E outra, mais outra, muitas. Tolices que viraram uma avalanche de desentendimentos.
Um ano após a separação, se encontraram novamente em outra feira na Penha, próximo à Avenida Brasil. Não se falaram. Ela estava acompanhada, bonita como sempre e reparou quando um par de olhos a seguiram até sumirem no tumulto de um dia quente...

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Versos Soltos 2 (Cotidiano).

                                       
                                             
                                           
                            'Acordar.
                            Levantar.   
                            Banheiro, quarto,
                            Vestir.
                            Comer.
                            Sala, sair.
                            Elevador, portaria,
                            Rua, ônibus,
                            Condução.
                            Trabalho, chefe,
                            Chateação.
                            Almoço, trabalho.
                            Volta, casa,
                            Cansado,
                            Dormir. 
                            Acordar.
                            Repetir.'         

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Versos Soltos 1




                  'Hoje acordei
                  Com saudades de tua boca
                  Que nunca beijei,
                  De tuas mãos que não senti,
                  Dos teus olhos que não me seguiram

                  Pelas ruas, pela vida.

                  Hoje me lembrei de ti,
                  Do teu riso,  
                  De tua voz...
                  E murmurei
                  Palavras que não escutastes,
                  Segredos que não revelei.
                  Falei de ti
                  Somente para mim.'

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Corredora.

Chovia! Chovia muito nessa quarta-feira de manhã. Uma parede branca cobria a Baía da Guanabara; o Cristo estava invisível atrás das nuvens.
Chovia! Fazia frio! O termômetro digital do calçadão marcava dezenove graus; bem frio para os padrões do carioca.
    
     Mas, na areia da praia de Icaraí, ela corria; vestia uma camiseta branca, um calção azul e um par de tênis. Ela não sentia frio, correndo na areia molhada. Não pode perder um dia sequer; precisa entrar em forma; o verão está logo ali, no próximo mês. Corria indiferente à chuva, ao frio... Solitária, correndo num dia que apenas começava.